quinta-feira, 29 de maio de 2008

VER NA ESCURIDÃO

Eu vejo com as mãos quando toco em algo,
Sinto tua feição com os ouvidos, pelo tom de tua voz,
E posso também ver teu jeito por teus atos.
Sei que vejo com o coração um sentimento.
Não posso enxergar as cores e formas das coisas, pessoas;
Mas, consigo “ver” coisas que teus olhos não vêem.
Eu sinto a natureza de forma inigualável.
Por entre os cômodos da casa, não vejo móveis, objetos...
Embora eu possa sentir a diferença de ventilação, aroma e tensão.
Não enxerga aquele que apenas abre os olhos e tem visibilidade;
Ver significa sentir algo tão profundamente a ponto de não se esquecer,
Ou se preocupar, ou se entender.

sábado, 24 de maio de 2008

ANÁLISE

Quando sério, é chato.
Quando sorri demais, retardado.
Quando chora é melancólico.
Quando não chora, frio.
Se cuida do visual é veado.
Se não cuida, descuidado.
Se toma banho uma vez ao dia é porco.
Se toma cinco é desperdício.
Confere se realmente fechou a porta, é psicótico.
Não confere, é desleixado.
Comeu pouco, está de dieta.
Comeu muito, é mal-educado.
Fala baixo, é tímido.
Fala alto, é histérico.
Se tem vários sonhas é iludido.
Se não tem sonhos é desiludido.
Quanto conversa muito, é amostrado.
Quando não conversa, autista.
Dorme pouco, é estressado.
Dorme muito, é vagabundo.
Se escreve, é metido a intelectual.
Se nada escreve, é burro.
Na terra onde cada qual acha falhas alheias,
Os próprios defeitos não são encontrados.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A MENINA E A FLOR

A flor,
A menina,
A menina-flor.
A flor de menina.
A flor na menina.
A flor da menina.
A menina que é a minha flor.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

AÇÃO

Acorda!
Pára.
Repara...
Escreve, grita, agita, repete.

Agora!
Dispara.
Na mão, no chão, no alto, o pão.

Espera!
Na janela...
Olha, sente, teme, não sente.

Repete!
Remete...
A carta, o poema, a vida, a sorte.

Não sente!
Acorde...
Fale, escute, sinta, veja, cheire, beije.

ELE CHOROU

Ele deitou e chorou...
Chorou amargamente, chorou imensamente...
Chorou de descaso, chorou de angústia, chorou de medo.
Chorou porque foi injustiçado.
Chorou porque foi aprisionado.
Chorou porque foi magoado.
Ele deitou e chorou...
Chorou pela criança que não tem casa.
Chorou pelo velho que não tem cuidado.
Chorou pelo adulto que não tem amor.
Ele deitou e chorou...
Chorou porque você não voltou.

VIDA

A vida que vivo, a vida que me faz.
O caminho que é traçado, a estrada que é perdida.
O encontro que se quer, o desencontro que se encontra.
A certeza que se tem, a dúvida que surge.
O beijo que foi dado, um abraço que foi negado.
A espera de um amanhã, o hoje que não se acaba.
O nascer e viver, o sofrer e morrer.
Vida...
Esse é o show da vida.
Que começa e que termina.
Que termina mas não tem fim.
Que ilumina e aquece... que escurece e fica frio.
Vida... essa é a minha vida, é a sua vida.
É criação de Deus, é criação dos homens.
É fonte restauradora de todos os sentimentos.
É você, é uma flor, na forma mais perfeita em meu pensamento.

sábado, 10 de maio de 2008

FINGIMENTO

Um dia você se cansa de fingir...
De fingir que não ouviu,
Fingir que não viu algo errado,
Fingir que não falou algo inadequado,
De fingir que não sofreu
E de fingir que se esqueceu.

Um dia você fica exausto de fingir...
De fingir que entendeu,
Fingir que não pode ajudar,
Fingir que não se magoou,
De fingir que cresceu
E de fingir que não aconteceu.

Um dia você esquece de fingir...
De fingir que perdoou,
Fingir que não tinha a intenção,
Fingir que não amadureceu,
De fingir que não queria
E de fingir que não quis fingir...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

SORRIA

Sorria...
Nos dias tristes... sorria!
Sorria pra não chorar,
Sorria por amar,
Sorria por você... sorria!

Sorria por acordar todos os dias,
Por ter comida em seu prato,
Por ter saúde,
Por ter a vida!

Sorria por mim,
Sorria por ele,
Sorria por todos nós... sorria!

Porque as noites hão de ser calmas
E os dias... felizes!

Sorria por ter fé.
Sorria por ter amigos.
Sorria por ter um sorriso.
Sorria por ver uma flor.
Sorria por ser meu amor.
Sorria...

terça-feira, 6 de maio de 2008

O HOMEM MODERNO

Se espreguiçaaaaaaaaaaaaaaaa...
Tentaaaaaaaaaaaaa acordar...
Tentaaaaaaaaaaaaa abrir o olho...
Eita sonoooooooooooooooo...
O QUÊ?
7:35?????????????
NÃÃÃOOO!!!!!
Não levanta, PULA!
Corre pra cozinha e põe seu sanduíche, ou aquilo que deveria ser um, na sanduicheira.
Corre ao banheiro: toma banho e escova os dentes, tudo ao mesmo tempo.
Corre de volta ao quarto: pega a primeira roupa que o braço alcançar.[Só depois de muito tempo perceberá que não fica bem de gravata rocha, blusa laranja e terno marrom]
Corre pra cozinha, pega seu saboroso sanduíche com gostinho de queimado.
Tenta equilibrar chaves, pasta, papéis e par de sapatos enquanto fecha a porta.
Corre descalço ao elevador... [por que os papéis sempre caem nessa hora?? E por que o elevador demora uma eternidade pra chegar?]
Finalmente chega o elevador...
Sai em disparada!!
Por um milagre divino, HOJE, o vizinho não “prendeu” o carro.
Sai do prédio como um animal faminto na selva, sem bom dia ao porteiro ou ao vizinho. [O que pode haver de bom nesse dia????]
Seria mania de perseguição ou todo mundo SEMPRE sai na mesma hora?
Por que TODOS os sinais ficam vermelhos antes de você passá-los?
Liga o rádio com aquela falsa esperança de “relaxar”...
Fulano matou sicrano, beltrano roubou uma loja...
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!
Desliga.
Chega.
Bom dia! Olá, como vai? Tudo bem com você? [Aquele sorriso amarelo de quem sempre chega 20 minutos atrasado...]
Arraaaaaaaaaaaastaaaaaaaaaaaa a cadeira...
Digita, digita, digita.
Tecla, tecla, tecla.
Pára.
Come.
Digita, digita, digita.
Tecla, tecla, tecla.
Tchau! Até amanhã! Tenha uma boa noite!
Trâââââânsito.
[Mora a algumas quadras do trabalho, mas de carro “chega mais rápido”, e sempre chega bemmm depois...]
Finalmente chega.
Boa noite “Seu João”! [o porteiro]
Como vai Dona Margarida? [a vizinha]
Encosta [e deixa] o dedo no botão de destino ao seu andar.
Remexe o bolso, acha as chaves, liga a TV, vai ao congelador e esquenta no microondas a sua lasanha [a mesma de todo dia].
Toma banho enquanto houve um “bip” [o jantar está pronto!]
Come enquanto assiste que a bolsa da Finlândia fechou com queda de 2%, que um chinês inventou um maravilho aparelho de coçar a cabeça e o Iraque, Afeganistão, Palestina, Irã e todo o resto estão em guerra. Assiste à novela das 8 [aquela que passa às 9], depois vê algum programa humorístico [para esquecer as reportagens do noticiário] e depois... depois tem sono.
Vai deitar e põe o despertador às 6:00, até porque, HOJE foi o último dia em que chegou atrasado ao trabalho.
A última coisa que se lembra é da imagem do despertador na cabeceira: 12:05.
No outro dia... bem, no outro dia acontece tudo igual.
[04 DE mAIO DE 2008]

COMO EU SOU

Às vezes eu também grito e chamo palavrões;
Às vezes eu choro sem que ninguém perceba,
E às vezes eu estou triste, mesmo que esteja sorrindo.
Tem vezes que eu não consigo dormir,
E fico horas acordada, esperando você chegar.
Às vezes eu ajo como criança...
Mas também tenho o direito de errar.
Às vezes eu quero sumir e nunca mais voltar,
E outras vezes, quero que o dia não se acabe.
Às vezes quero morrer, outras, viver para sempre.
Às vezes gosto da chuva, mas tem vezes que prefiro o sol.
Algumas vezes, tudo o que preciso é de um abraço...
Você não entende que sou igual a todo mundo?
Você não entende que também sou diferente de todos?
Há vezes em que eu me sinto perdida,
Como se esse mundo não fosse real, não existisse...
E queria poder existir em outra época, outra realidade, outro instante.
Às vezes eu queria brincar, correr e pular... voltar à infância.
Às vezes quero ser tão séria e madura...
Você pensa que sou de um jeito que não sou...
Eu só queria poder ficar quietinha, ao teu lado...
E sentir teu cheiro, e sentir teu carinho,
E queria poder permanecer em silêncio por longas horas;
Só para poder sentir tua respiração...
Sabe... às vezes, a única coisa que eu preciso é de você...